Argumentos básicos usados para comprovar a existência de Deus (Parte 1) - Subsídios Dominical

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Argumentos básicos usados para comprovar a existência de Deus (Parte 1)

Introdução.
Tradicionalmente, há quatro argumentos básicos usados para comprovar a existência de Deus.
Estes argumentos são chamados de: argumentos cosmológicos, teleológicos, morais e ontológicos.
Mas visto que estes são termos técnicos, vamos chamá-los de argumentos de criação (cosmos significa criação), argumentos de projeto (telos significa propósito), argumentos da lei moral, e argumentos do ser (ontos significa ser).

I - A História dos Argumentos que Partem da Criação
Paulo disse que todas as pessoas têm o conhecimento a respeito de Deus “porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas” (Rm 1.19-20).

Platão foi o primeiro pensador conhecido por desenvolver um argumento baseado na causalidade. Aristóteles veio em seguida. Os filósofos muçulmanos Al-Farabi e Avicena também usaram esse tipo de raciocínio, assim como fez o pensador judeu Moisés Maimônides.
No pensamento cristão, Agostinho, Tomás de Aquino, Anselmo, Descartes, Leibniz, e outros pensadores até o presente valorizam este argumento, tornando-o o argumento mais notável a respeito da existência de Deus.
1. O Argumento a partir da Criação
A ideia básica desse argumento é que, uma vez que existe um universo, este deve ter sido gerado por algo que está além de si mesmo. Baseia-se na lei da causalidade, que diz que cada coisa limitada é causada por algo diferente de si mesma. Existem duas formas diferentes deste argumento; por isso, vamos analisá-las separadamente.
A primeira forma diz que o universo precisou de uma causa em seu início; a segunda forma argumenta que o universo precisa de uma causa hoje para continuar existindo.

II - O Universo Foi Causado no Princípio
Este argumento diz que o universo teve um princípio e que o seu princípio foi causado por algo que está além do universo.
Às vezes, este argumento é chamado de Kalam (em árabe, eterno). Este argumento pode ser declarado da seguinte forma:
1. O universo teve um começo.
2. Qualquer coisa que tenha tido um começo foi causada por
alguma outra coisa.
3. Logo, o universo foi gerado por outra coisa, que nós chamamos de “Deus”.
A fim de evitar esta conclusão, algumas pessoas dizem que o universo é eterno; ele nunca teve um começo — o universo simplesmente existiu desde sempre. Carl Sagan disse: “O cosmos é tudo aquilo que existe, tudo aquilo que existiu, e tudo aquilo que existirá.”

Mas há duas maneiras de responder a essa objeção. Em primeiro lugar, as evidências científicas sustentam firmemente a ideia de que o universo teve um começo.

A visão geralmente defendida por aqueles que dizem que o universo é eterno, chamada de Teoria do Estado Estacionário, leva alguns a acreditar que o universo está produzindo espontaneamente átomos de hidrogênio a partir do nada. Ainda assim, seria mais simples acreditar que Deus criou o universo a partir do nada.

Além disso, o consenso dos cientistas que estudam a origem do universo é que ele surgiu a partir de um “Big Bang”.
Uma das principais evidências do princípio do universo é a segunda lei da termodinâmica, que diz que a energia utilizável do universo está se esgotando. Mas se essa energia estiver se esgotando, ela não pode ser eterna. Aquilo que está diminuindo foi anteriormente elevado.

Outra evidência do Big Bang é que ainda podemos encontrar a sua radiação e ver o movimento que o fenômeno causou (veja o cap. 10 para mais detalhes). Robert Jastrow, diretor-fundador do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, disse: “Pode ser que haja uma explicação sensata para o nascimento explosivo de nosso universo; mas se assim for, a ciência não pode descobrir esta explicação. A busca do cientista pelo passado termina no momento da criação.”

No entanto, além das evidências científicas que mostram que o universo teve um princípio, há uma razão filosófica para acreditar que o mundo teve um ponto de partida. Este argumento mostra que o tempo jamais pode voltar ao passado. Como você sabe, é impossível passar por uma série infinita de momentos atuais. Você pode ser capaz de imaginar passar por um número infinito de pontos abstratos, sem dimensão, em uma linha, ao mover o seu dedo de um lado para o outro; mas o tempo não é abstrato nem imaginário. As mudanças de tempo são reais, e cada momento que passa utiliza um período de tempo real ao qual não podemos voltar. É como mover o seu dedo sobre um número infinito de livros em uma biblioteca. Você nunca chegaria ao último livro. Ainda que você acreditasse ter encontrado o último livro, um outro livro sempre poderia ser adicionado, depois outro e outro... Você nunca pode terminar uma série infinita de coisas reais.

Se o passado fosse desde a eternidade (que é outra maneira de dizer: “Se o universo sempre existiu sem um começo”), jamais poderíamos ter passado pelo tempo para chegar aos dias de hoje. Se o passado fosse uma série infinita de momentos, e o momento atual fosse o ponto em que essa série para, nós teríamos passado por uma série infinita, e isso é impossível.
Se o mundo nunca tivesse um começo, nós não poderíamos ter chegado ao hoje. Mas nós chegamos ao hoje: portanto, o tempo começou num determinado ponto no passado, e o dia de hoje chegou a um momento definido desde então. Por essa razão, o mundo é um evento finito, e ele precisa de uma causa para o seu início.

Agora que vimos que o universo precisa de uma causa para o seu
princípio, passaremos para a segunda forma do argumento, que mostra que o universo precisa de uma causa para a sua existência nesse exato momento.

1. Dois Tipos de Séries Infinitas
Existem dois tipos de séries infinitas: uma abstrata e outra concreta.
Uma série infinita abstrata é um infinito matemático. Por exemplo: como qualquer matemático sabe, há um número infinito de pontos sobre uma linha entre um ponto A e um ponto B, independentemente de quão curta (ou longa) seja a linha. Digamos que os pontos sejam dois suportes de livros a, aproximadamente, 1 metro de distância.

Agora, como todos sabemos, embora haja um número infinito de pontos matemáticos abstratos entre os dois suportes de livros, não podemos colocar um número infinito de livros reais entre eles, independentemente de quão finas sejam as páginas! Também não importa a quantos metros de distância os suportes de livros sejam posicionados; ainda não podemos colocar um número infinito de livros ali. Assim, embora sejam abstratas, as séries matemáticas infinitas são possíveis, enquanto que as séries infinitas reais e concretas não o são. Em suma, se tudo aquilo que tem um começo teve uma causa - e o universo teve um começo-o universo teve uma causa que está além de si mesmo. Esta primeira causa é chamada de “Deus”.

2. O Universo Precisa de uma Causa para a Continuidade de sua Existência
Algo está preservando a nossa existência agora para que não desapareçamos. Algo não só fez com que o mundo viesse à existência (Gn. 1.1), como também está preservando e dando continuidade à sua existência no presente (Cl. 1.17).

O mundo precisa tanto de uma causa originária quanto de uma causa que o preserve. Em certo sentido, esta é a pergunta mais básica que pode ser feita: “Por que existe algo ao invés de não existir nada?” Esse tipo de argumento cosmológico foi usado por Tomás de Aquino (século XIII) e pode ser colocado da seguinte forma:

a) Coisas finitas e mutáveis existem.
Por exemplo: eu. Eu teria que existir para negar que eu existo; então, de qualquer modo, eu realmente existo.

b) Todas as coisas finitas e mutáveis devem ser causadas por outra coisa.
Aquilo que é limitado e mutável não pode existir de maneira independente. Se dissermos que algo existe de forma independente
ou obrigatória, estaremos dizendo que isso sempre existiu sem sofrer qualquer tipo de mudança.

c) Não pode haver uma regressão infinita dessas causas.
Em outras palavras, você não pode explicar como uma coisa finita causa outra coisa finita, que, por sua vez, causa outra coisa finita, e assim por diante, porque isso, na verdade, só adia a explicação de forma indefinida. Isso não explica nada. Além disso, se estivermos falando da razão pela qual as coisas finitas existem no exato momento, no final você terá uma coisa que causará a sua própria existência e será um efeito dessa causa ao mesmo tempo, independentemente do número de coisas de que você dispuser. Isso não faz sentido. Então, nenhuma regressão infinita pode explicar por que eu existo nesse exato momento.

d) Portanto, deve haver uma primeira causa não causada para cada coisa finita e mutável que existe.
Este argumento mostra por que deve haver uma causa atual que preserva o mundo, mas isso não nos diz muito a respeito do tipo de
Deus que existe. Como sabemos se este é, de fato, o Deus da Bíblia?


LEIA A CONTINUAÇÃO – PARTE: 2, Clique Aqui.

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