Lição 6 - A Pecaminosidade Humana e a sua Restauração a Deus (Subsídio)

Introdução
No capítulo IX, da declaração de fé das Assembleias de Deus, fala sobre o pecado e suas consequências.
CREMOS, professamos e ensinamos que o pecado é a transgressão da Lei de Deus: “porque o pecado é a transgressão da lei” (1 Jo 3.4 – ARA), ou seja, a quebra do relacionamento do ser humano com Deus. Há diversos conceitos bíblicos tanto para designar o pecado, tais como rebelião e desobediência, como suas consequências, quais sejam: incapacidade espiritual, falta de conformidade com a vontade de Deus em estado, disposição ou conduta e corrupção inata dos seres humanos: “não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque” (Ec 7.20); “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Atanásio, um dos pais da Igreja, dizia que o pecado é a introdução dentro da criação de um elemento desintegrador que conduz à destruição e que somente pode ser expelido por meio de uma nova criação. Daí, a necessidade do novo nascimento. A universalidade do pecado é confirmada em toda a Bíblia e comprovada pela própria experiência humana.

 

I – A DOUTRINA DO PECADO
A doutrina do pecado, chamada de Hamartiologia, se ocupa do estudo da origem, natureza e universalidade do pecado, conforme as Escrituras.
O termo procede de duas palavras gregas: hamartia, traduzida por “pecado”, em At 3.19 e 1 Co 15.17, e logia, que significa em At 7.38 e Rm 3.2, “palavra”, “oráculo” ou “declaração”. Em sua origem, o pecado manifestou-se na criatura moral celeste, conforme Ez 28.1-19; Is 14.12-15; Jo 8.44; 1 Jo 3.8,12. Mais tarde, Adão, como representante da raça humana, também sucumbiu diante do pecado, sujeitando todos os seus descendentes aos aguilhões do mal moral; tornando-o, portanto, universal a todas as criaturas racionais, e afetando até mesmo a criação (Gn 3; Sl 14; Rm 1. 18-32; 3.23; 5.12-21; Rm 8.20-23).
 “A Doutrina do pecado é sumamente importante e deve merecer atenção especial de cada sincero estudante da Bíblia Sagrada. Se por quaisquer razões a negligenciar as verdades bíblicas concernentes ao pecado, deixarmos de possuir a verdadeira noção da Obra Redentora de Cristo”.
“O pecado é uma das mais cruéis realidades do mundo que nos rodeia e é em impossível ignorá-lo. Por causa do pecado, os homens padecem dores, enfermidades, angustias, condenação e morte. O pecado, afirmou um célebre pregador, “é a maior mancha do mundo” (Antônio Gilberto).

II – DEFINIÇÕES PARA A PALAVRA “PECADO”
A natureza do pecado é descrita mediante diversos vocábulos hebraicos e gregos designados pelas Escrituras: hattā’â — pecado; errar o alvo (Gn 4.7); pesha‘ — revolta contra o padrão; transgredir (Gn 50.17); anomia — pecado; sem lei (Rm 6.19); asebeia — impiedade; falta de reverência (Rm 1.18). Na teologia cristã, a doutrina do pecado ocupa grande espaço porque o cristianismo é a religião da redenção da raça humana.

O Novo Testamento emprega várias palavras em grego para descrever o pecado nos seus vários aspectos. As mais importantes são:

1. Hamartia, que significa "transgredir", "praticar o mal", "pecar contra Deus" (Jo 9.41).

2. Adikia, que significa "iniquidade", "maldade" ou "injustiça" (Rm 1.18; 1 Jo 5.17). O termo pode ser descrito como falta de amor, porque todos os delitos surgem por falta de amor a Deus e ao próximo (Mt 22.37-40; Lc 10.27-37). Adikia é, também, o pecado como poder, agindo na pessoa, para escravizar e enganar (5.12; Hb 3.13).

3.  Anomia, que denota a "ilegalidade", a "iniquidade" e a "rebeldia contra a Lei de Deus" (Rm 6.19; 1 Jo 3.4).

4. Apistia, que indica "incredulidade" ou "infidelidade" (Rm 3.3; Hb 3.12).
Destas definições podemos tirar a conclusão de que a essência do pecado jaz no egoísmo, isto é, apegamento do ser humano às coisas ou aos prazeres, para si mesmo, sem fazer caso do bem-estar dos outros e dos mandamentos de Deus. Isso leva à crueldade aos outros e à rebelião contra Deus e sua Lei. Em última análise, o pecado é a recusa da sujeição a Deus e à sua Palavra (Rm 1.18-25; 8.7). É inimizade contra Deus (Rm 5.10; 8.7; Cl 1.21), e desobediência (Rm 11.32; Gl 3.22; Ef 2.2; 5.6).
O pecado é, por outro lado, um poder que escraviza e corrompe, à medida que nos entregamos a ele (Rm 3.9; 6.12; 7.14; Gl 3.22). O pecado está arraigado nos desejos humanos (Tg 1.14; 4.1,2; ver 1 Pe 2.11).
O pecado foi introduzido por Adão na raça humana e afeta a todos (5.12), resulta em julgamento divino (Rm 1.18), leva à morte física e espiritual (Gn 2.17; Rm 6.23), e o seu poder somente pode ser dominado pela fé em Cristo e por sua obra redentora pela humanidade (Rm 5.8-11; Gl 3.13; Ef 4.20-24; 1 Jo 1.9; Ap 1.5 – Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD).

III – CLASSES DE PECADO
Diante do perdão de Deus, não podemos dizer que os pecados estão divididos em classes. No entanto, para nossa própria compreensão deles, podemos admitir que, assim como todos os edifícios e casas não são do mesmo tamanho, assim também os nossos pecados são de diferentes tipos. As Escrituras descrevem muitas categorias de pecados. Podem ser cometidos por incrédulos ou por crentes, sendo que estes dois grupos são lesados pelos pecados e precisam da graça. Os pecados podem ser cometidos contra Deus, contra o próximo, contra o próprio eu ou contra alguma combinação destes.
Em última análise, porém, todo o pecado é contra Deus (SI 51.4; Lc 15.18,21). O pecado pode ser confessado e perdoado. Não sendo perdoado, continuará exercendo o seu domínio sobre a pessoa.

1. Pecados de debilidade e de presunção.
Pecados de debilidade são aqueles que têm a atenuante de serem produtos da precipitação no juízo, ou de pouca energia na vontade, apesar de revelarem corrupção e desordem. Os de presunção são os que resultam da premeditação e de uma vontade a serviço da injustiça (Sl 19.12,13; Is 5.18; Ml 7.2,3; Gl 3.1; Ef 4.14).

2. Pecados de comissão e de omissão.
É comum a pessoa se preocupar mais em não fazer o mal do que em fazer o bem. No entanto, para Deus os dois pecados têm a mesma implicação. Observemos, no entanto, que, enquanto no Decálogo a maior parte das proibições começa com um não, no Novo Testamento a ênfase é a de fazer o bem: Jo 13.34,35; 15.17. Em Mateus 25.41-46, no grande julgamento, são mencionados cinco pecados de omissão.

3. Pecados sociais.
O pecado é a infidelidade no cumprimento de nossas responsabilidades diante de Deus, e uma das que as Escrituras apresentam é a que se refere à prática da justiça e retidão entre os homens: Gn 39.9; Dt 24.15; 2 Rs 18.14; Êx 23.7. Também os profetas denunciavam a falta de justiça e a opressão que havia entre o povo, que significavam rebelião contra Deus.
4. Pecados contra o Espírito Santo
Em Mateus 12.32 e Lucas 12.10, temos referências ao pecado contra o Espírito Santo. É imperdoável porque não significa apenas falar contra o Espírito Santo (Hb 6.4-6; 10.26-29), mas também atribuir maliciosamente a poderes malignos o que é realizado pelo poder do Espírito Santo. É uma obstinada resistência à clara manifestação do Espírito da graça”.

IV - O COMEÇO DO PECADO
A Bíblia refere-se a um evento nos recônditos mais distantes do tempo, além da experiência humana, quando o pecado se tornou uma realidade.
Uma criatura extraordinária, a serpente, já estava confirmada na iniquidade antes de "o pecado entrar no mundo" através de Adão (Rm 5.12; ver Gn 3). 14 Essa antiga serpente aparece em outros lugares como o grande dragão, Satanás e o diabo (Ap 12.9; 20.2). O diabo tem andado pecando e assassinando desde o princípio (Jo 8.44; 1 Jo 3.8). O orgulho (1 Tm 3.6) e uma queda de anjos (Jd 6; Ap 12.7-9) também se associam a essa catástrofe cósmica.

As Escrituras também nos ensinam a respeito de outra queda: Adão e Eva foram criados "bons" e colocados num jardim idílico, no Eden, desfrutando de estreita comunhão com Deus (Gn 1.26 - 2.25). Por não serem divinos e porque eram capazes de pecar, era necessária uma contínua dependência de Deus.
Semelhantemente, precisavam comer regularmente da árvore da vida. 16 Isto nos é sugerido pelo convite a comer de todas as árvores, inclusive da árvore da vida, antes da Queda (2.16), e pela rigorosa proibição depois desta (3.22,23).
Houvessem obedecido, teriam sido frutíferos e alegres para sempre (1.28-30). Alternativamente, após um período de prova, poderiam conseguir um estado mais permanente de imortalidade, mediante a trasladação para o Céu (Gn 5.21-24; 2 Rs 2.1-12) ou pela ressurreição do corpo sepultado na terra (os crentes, 1 Co 15.35-54).

Deus permitiu que o Éden fosse invadido por Satanás, o qual tentou Eva com astúcia (Gn 3.1-5). Desconsiderando a Palavra de Deus, Eva entregou-se ao desejo por beleza e sabedoria. Tomou do fruto proibido, ofereceu-o ao seu marido e juntos comeram-no (Gn 3.6). Eva fora enganada pela serpente, mas Adão parece ter pecado em plena consciência (2 Co 11.3; 1 Tm 2.14; Deus concorda tacitamente com esse fato em Gn 3.13-19). É possível que Adão tenha recebido do próprio Deus a proibição de comer da árvore e que Eva a tenha ouvido somente através do marido (Gn 2.17; 2.22). Adão, portanto, tinha mais responsabilidade diante de Deus, e Eva era mais suscetível diante de Satanás (Jo 20.29). Talvez seja esta a explicação da ênfase que a Bíblia atribui ao pecado de Adão (Rm 5.12-21; 1Co 15.21,22), embora, na realidade, Eva tenha pecado primeiro. Finalmente, é crucial observar que o pecado deles começou na sua livre escolha moral, e não na tentação (a que poderiam ter resistido: 1 Co 10.13; Tg 4.7). Isto é, embora a tentação os incentivasse a pecar, a serpente não colheu o fruto tampouco os forçou a comê-lo. O casal optou por assim fazer.
O primeiro pecado da humanidade abrangeu todos os demais pecados: a afronta e desobediência a Deus, o orgulho, a incredulidade, desejos errados, o desviar outras pessoas, assassinato em massa da posteridade e a submissão voluntária ao diabo. As consequências imediatas foram numerosas, extensivas e irônicas (observe cuidadosamente Gn 1.26 - 3.24). O relacionamento entre Deus e os homens, de franca comunhão, amor, confiança e segurança, foi trocado por isolamento, autodefesa, culpa e banimento. Adão e Eva, bem como o relacionamento entre eles, entraram em degeneração.

A intimidade e a inocência cederam lugar à acusação (jogavam a culpa um sobre o outro). Seu desejo rebelde pela independência resultou em dores de parto, labuta e morte. Seus olhos realmente foram abertos, e eles conheceram o bem e o mal (mediante um atalho), mas era pesado esse conhecimento sem o equilíbrio de outros atributos divinos, como o amor, a sabedoria e o conhecimento.

A criação, confiada aos cuidados de Adão, foi amaldiçoada, gemendo pela libertação dos resultados da infidelidade dele (Rm 8.20,22). Satanás, que oferecera a Eva às alturas da divindade e prometera ao homem e à mulher que estes não morreriam, foi mais amaldiçoado que todas as criaturas e condenado à destruição eterna pela descendência de Eva (ver Mt 25.41). Finalmente, o primeiro casal humano trouxe a morte a todos os seus filhos (Rm 5.12-21; 1 Co 15.20-28).

O Midrash judaico entende a advertência divina de que a morte viria quando (literalmente "no dia em que") comessem da árvore (Gn 2.17) como uma referência à morte física de Adão (Gn 3.19; 5.5), pois um dia, aos olhos de Deus, é como mil anos (SI 90.4) - e Adão viveu apenas 930 anos (Gn 5.5). Outros a entendem como uma consequência natural do afastamento da árvore da vida. Muitos rabinos judaicos defendiam a ideia de que Adão nunca foi imortal e que sua morte teria chegado imediatamente se Deus, em sua misericórdia, não a tivesse adiado. A maioria sustenta que a morte espiritual - ou a separação de Deus - ocorreu naquele mesmo dia.
Não obstante a condenação, Deus graciosamente confeccionou túnicas de peles para Adão e Eva, a fim de substituir os aventais de folhas que eles haviam providenciado por sua própria iniciativa (Gn 3.7,21).
Conclusão
“A iniquidade de Adão, a qual nós chamamos de pecado original, contaminou toda a raça humana; em consequência disso, a humanidade tornou-se universal e totalmente degenerada, pois todos os seus descendentes nascem em pecado; todos nascemos em transgressão. Deus, entretanto, prometeu o Redentor ainda no jardim do Éden, quando anunciou a vinda da “semente da mulher” para esmagar a cabeça da serpente. Apesar de corrompida pelo pecado, a natureza humana pode ser eficazmente regenerada por Cristo: “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17); “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10); o nosso corpo pode ser o templo do Espírito Santo (Declaração de Fé das Assembleias de Deus)”.

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