Obs. Este
artigo é parte do subsídio para a lição bíblica da classe de Adultos.
Introdução.
Embora
a graça de Deus seja incondicional, não existe persistência incondicional na
salvação. Uma boa advertência introdutória é esta de Paulo: “Assim, aquele que
julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (1Co 10.12).
UMA VEZ SALVO, PARA SEMPRE SALVO NÃO É DOUTRINA BÍBLICA
1. Uma vez salvo, para sempre salvo?
Alguns teólogos ensinam, com muita convicção, que
jamais se perderá aquele que uma vez foi salvo. Quem é crente, o é para sempre.
Dizem que, embora o crente seja livre, a natureza da salvação é tão profunda
que ele jamais abandona a vida cristã! Deus preserva o crente em liberdade e
também no caminho da salvação: "Uma vez na graça, na graça permanecerá
para sempre". Já no tempo dos apóstolos havia essa corrente doutrinária.
A chamada doutrina dos nicolaítas (Ap 2.6,15) afirmava que a graça de Deus sobre os crentes é
tão poderosa que os atos dos homens, por mais terríveis que sejam, não os afastam dela. Importa
salientar que Jesus afirmou que aborrecia tal doutrina (Ap 2.6,15).
2. A Bíblia contradiz a doutrina "uma vez salvo, para
sempre salvo".
A Bíblia exorta o crente a permanecer na graça.
Somente o fato de a Bíblia exortar o crente a essa permanência constitui prova
de que não concorda com a ideia de uma permanência automática, independente da atitude e do seu
procedimento pessoal:
a) Jesus mandou que os crentes permanecessem.
"Se vós permanecerdes na minha palavra,
verdadeiramente, sereis meus discípulos" (Jo 8.31). Aquele que não permanecer em Jesus, como a vara na
videira, é lançado fora (Jo 15.1-6). Ele disse: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação"
(Mt 26.41). É no momento da tentação que surge o perigo de o crente se desviar (Lc 8.13). Mas se ele estiver vigilante,
receberá a graça de vencer a carne (Mt 26.41), achará "escape" (1 Co 10.13) e vencerá a batalha.
b) Jesus exortou a igreja em
Filadélfia que guardasse o que havia recebido.
"Guarda o que tens, para que ninguém tome a
tua coroa" (Ap 3.11). Note que Ele não afirmou: "Você já é salvo e ninguém jamais poderá
tomar a sua coroa". Mas disse: "Guarda"! O mesmo conselho
ele deu à igreja em Tiatira (Ap 2.25). Aliás, nos dá idêntico conselho ainda hoje.
c) A palavra "permanecer" aparece muitas
vezes na Bíblia.
Os apóstolos aconselhavam sempre os crentes a que
permanecessem na fé (At 14.22; 1 Ts 3.2-5) e na graça (At 11.23; 13.43), advertindo-os de que ninguém fosse "faltoso, separando-se da graça
de Deus" (Hb 12.15, Almeida Revista e Atualizada). Os que não atenderem a essa exortação, correm o
risco de "cair da graça" (Gl 5.4).
Os que afirmam que "uma vez na graça, sempre
na graça" estão induzindo muitos a transformarem em libertinagem a graça
de Deus (Jd 4), expondo-os ao perigo de receberem a graça
de Deus em vão (2 Co 6.1).
d) O exemplo do Antigo Testamento.
A permanência é explanada através de três exemplos no Antigo Testamento,
nos quais Deus condicionou a manifestação do seu poder
protetor à atitude dos
homens de permanecerem no lugar determinado por Ele:
1) A salvação pela aspersão do sangue do cordeiro pascal
na noite em que os primogênitos do Egito foram mortos, estava condicionada à obrigação de que
ninguém saísse de casa até que amanhecesse (Êx
12. 22,33).
2) A proteção contra o vingador do sangue, que a cidade de
refúgio proporcionava ao homicida que havia matado alguém por erro (Nm
35.11,22-25), era condicionada ao dever de permanência na cidade: "Porém, se de alguma maneira o homicida sair
dos termos da cidade do seu refúgio, onde se tinha acolhido, e o vingador do
sangue o achar fora dos termos da cidade do seu refúgio, se o vingador do
sangue matar o homicida, não será culpado do sangue" (Nm
35.26,27).
3) A salvação prometida sob juramento, em nome do Senhor,
a Raabe e a sua família, na ocasião da conquista de Jericó por Israel, também
era condicionada à obrigação de conservar uma fita de cor escarlate na sua
janela e cuidar que ninguém da família saísse da sua casa, pois para aquele que
estivesse fora da porta da casa, não haveria proteção (Js
2.12,13, 14-20). Observamos, assim, que o ato de ser um crente preservado na salvação não
é automático, mas depende da sua atitude de permanência no Senhor.
Acerca do chavão: “Uma vez salvo, salvo para sempre”.